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Trabalhadora doméstica é resgatada em situação análoga à escravidão em Vitória da Conquista (BA)

Vitória da Conquista – A Defensoria Pública da União (DPU) participou, na última quinta-feira (11), de operação que resgatou uma trabalhadora doméstica de 46 anos em situação análoga à escravidão, no sudoeste da Bahia. A ação foi resultado de um esforço entre DPU, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Público do Trabalho (MPT) e Polícia Federal (PF). 

A vítima passou a viver com a família empregadora ainda na infância, entre os 10 e 12 anos. Desde então, nunca recebeu remuneração. Submetida a jornada exaustiva e a condições degradantes, permanecia à disposição da família praticamente todo o tempo. Além de executar todas as tarefas domésticas, também produzia alimentos para a lanchonete anexa à residência, onde ainda atuava no atendimento e na limpeza. 

Para a defensora pública federal Izabela Luz, a rotina da trabalhadora mostrava a dimensão da exploração. “Ela trabalhava de seis da manhã até quase uma da manhã. Porque, além do serviço doméstico da casa, ela cozinhava, limpava e não apenas trabalhava na lanchonete, como era ela quem fazia os doces e os salgados. Então, assim, ela estava sendo duplamente explorada”, afirmou. 

Izabela Luz, que coordena o Grupo de Trabalho de Combate à Escravidão Contemporânea (GTCEC) da DPU, destacou o vínculo de dependência criado ao longo dos anos. “Na cabeça dela, como em qualquer vínculo de doméstica escravizada, ela se sente como se fosse da família. Mas, na prática, a família não a trata como um igual, como uma filha. A família viajava, as filhas estudaram, fizeram faculdade e ela não estudou. Ela escreve, sabe ler, mas não completou nem o ensino fundamental e trabalha dessa forma, sendo explorada”, relatou. 

A trabalhadora viveu mais de três décadas com a mesma família, sem salário e sem estudo. Atualmente, está acolhida na casa da irmã. “Foi difícil tirá-la da casa porque ela não queria, mas conseguimos. Agora vamos tentar um acordo com a família para garantir uma casa e o pagamento de indenização, já que ela não tem onde ficar”, acrescentou a defensora. 

Uma audiência com os empregadores está marcada para esta terça-feira (16), em que serão discutidas as verbas devidas e demais providências legais. 

Assessoria de Comunicação Social 
Defensoria Pública da União