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Terreiros alagados por enchente em Guaíba (RS) recebem equipe da DPU

Guaíba – Representantes da Defensoria Pública da União (DPU) visitaram, na manhã desta quinta-feira (8), dois terreiros localizados no município de Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre (RS). Os locais estão entre os afetados pela enchente que atingiu o estado gaúcho entre abril e maio.

A visita faz parte de uma ação da DPU que busca reunir informações sobre as demandas de povos de terreiros no RS, além de articular e dar visibilidade a políticas públicas voltadas para esse grupo. Também foram visitados terreiros em Canoas e Feliz ao longo desta semana.

Um dos locais de Guaíba visitados foi o Ylê Axé Oxalá Jobokum, no bairro Santa Rita. O responsável, Pai Valdir D’Oxalá, relatou as dificuldades enfrentadas pela comunidade, como o racismo religioso no município. Durante a enchente, o espaço físico onde funciona o terreiro foi alagado. Ele afirma que, na ocasião, teve dificuldade para retirar cestas básicas em pontos de coleta, em razão do racismo.

Pai Valdir relata ainda que, até hoje, a comunidade segue enfrentando problemas deixados pela enchente. “As nossas pessoas precisam de auxílio, inclusive psicológico. Tem famílias de 10 pessoas recebendo uma cesta básica por mês. A comunidade está arrasada. Teve gente que perdeu tudo, perdeu a casa. Mal conseguem retomar a vida e ir trabalhar, imagine retomar a vida religiosa. Não somos assistidos pelo poder público. A assistência é muito negada, precária. Tem bairros que passaram por coisas parecidas com o que tivemos aqui, e foram atendidos de forma muito diferente. Aqui, tivemos que implorar muito para retirarem entulho da frente de casa, por exemplo”, disse.

O outro terreiro visitado foi o Ilê Bara Lode e Oya, de Mãe Valquiria de Oliveira Lemos. O espaço funciona no primeiro piso de uma casa, que ficou alagado. Foram perdidos móveis e eletrodomésticos. Tanto a cozinha do terreiro como a da casa de Mãe Valquiria foram perdidas. Ainda hoje, a maioria das tomadas não funcionam, problema causado pelo alagamento. Ela conta que só agora, em agosto, o atendimento no local começou a ser retomado aos poucos. Além das perdas que ela teve, seu público, que também mora na região, teve diversos prejuízos.

DPU verifica possíveis violações

As equipes da DPU têm percorrido e dialogado com povos de terreiros no intuito de verificar possíveis violações e as demandas prioritárias desses grupos, afetados pela enchente.

Ao fim da missão desta semana, será produzido um relatório indicando as pautas prioritárias destas comunidades no RS. Posteriormente, os governos (federal, do estado e prefeituras) devem ser provocados pela DPU a prestar auxílio a esses povos.

As visitas desta semana são feitas pelo defensor público federal Yuri Costa, coordenador do Grupo de Trabalho Políticas Etnorraciais da DPU, e defensora pública federal Natália von Rondow, que integra o grupo, além de reprentantes de instituições, entidades e conselhos de direitos humanos.

“O objetivo da missão é reforçar as ações de enfrentamento ao racismo religioso, que já são articuladas pelos povos de terreiros há anos. É ouvir esse grupo e cobrar, a partir dessa escuta, do poder público a implementação de políticas de reconstrução e reparação específicas e prioritárias”, explica Natália.

Na terça-feira (6), o trabalho começou com uma reunião dos defensores federais junto a lideranças e integrantes de povos de terreiros para uma escuta aberta, sobre suas necessidades. O encontro ocorreu na Assembleia Legislativa do RS, em Porto Alegre.

Foto: Bruna Viesseri/DPU

Assessoria de Comunicação Social
Defensoria Pública da União