Seminário promove roda de conversa sobre cultura e oralidade quilombola
Rio de Janeiro – Nessa quarta-feira (03), a Defensoria Pública da União (DPU) realizou o I Seminário Virtual Palmares nas comunidades quilombolas e nos coletivos urbanos do sul fluminense, no Rio de Janeiro (RJ). O evento, que conta com o financiamento do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD) do Ministério da Justiça e Segurança Pública, foi transmitido pelo canal da DPU no YouTube.
O evento contou, também, com a parceria da Associação das Comunidades Quilombolas do Estado do Rio de Janeiro (ACQUILERJ), Universidade Federal Fluminense (UFF), Fórum Justiça e Movimento Ética na Política de Volta Redonda (MEP-VR).
O webinário teve como objetivo vivenciar a história do povo preto a partir das obras “Angola Janga” e “Cumbe”, do escritor Marcelo D’Salete, e da visão dos membros das comunidades quilombolas participantes sobre esses fatos. Na ocasião, lideranças de comunidades quilombolas debateram sobre os livros. O evento também visou fortalecer a cultura e oralidade do povo quilombola, bem como destacar a importância desse resgate histórico.
De acordo com o defensor público federal Claudio Luiz dos Santos, idealizador da ação, as duas obras foram premiadas no Eisner Awards, conhecido como o ‘Oscar’ dos quadrinhos nos EUA, e incluídas no Programa Nacional do Livro Didático Literário em 2018. “A entrega desses exemplares e a realização dessa roda de conversa é relevante para construção coletiva de conhecimento. Esse momento é enriquecedor para adquirirmos sabedoria sobre a cultura quilombolas”, enfatizou.
Para o autor das obras, Marcelo D’Salete, é uma oportunidade única conversar com as comunidades quilombolas e levar suas histórias para elas, que merecem saber profundamente sobre essa cultura. “Foi um processo longo de pesquisa. Quando o livro chega, de fato, ao público e favorece esse tipo de diálogo, é desse modo que ele se torna vivo e se efetiva em sua completude. Nessa troca de experiências, eu quero aprender sobre os desafios, as demandas e os problemas que vocês enfrentam. Esse é um momento rico para conversarmos sobre as lutas do passado, mas que enfrentamos diariamente. Esta é uma luta que diz respeito a uma grande parte do Brasil”, pontuou.
Segundo o líder da Comunidade Quilombola de Campinho da Independência (RJ), Ronaldo dos Santos, essa iniciativa é fundamental para fortalecer o sistema de direitos e proteções aos territórios quilombolas, bem como inspiram e ajudam na construção de autoestima. “Nossas terras são ameaçadas o tempo todo, nós vivemos em um sistema de escravidão, instaurado. Lutamos por direito e justiça, a DPU é fundamental nesse processo de auxílio e fortaleza”, acrescentou.
A presidente da ACQUILERJ, Ana Beatriz Nunes, conduziu o debate e destacou a relevância da Defensoria em promover esse projeto. “É gratificante termos a DPU como parceiros, pois conseguimos alcançar as comunidades quilombolas do Rio. É notável a dedicação e o empenho para que esse momento seja realizado dentro das comunidades do estado”, finalizou.
Para o secretário-geral de articulação institucional da Defensoria Pública da União (DPU), Gabriel Saad, é imprescindível esse webinário, porque, por meio dele, podemos compartilhar e promover a difusão da luta dos povos negros. “Essas obras proporcionam grande aprendizado e é uma honra estar presente nesse encontro online”, reforçou.
Durante o evento, a coordenadora do Centro de Referência de Estudo Afro do Sul Fluminense (CREASF), Maria de Fátima da Silveira Santos, expressou sua alegria. “Para nós, negros, participarmos de um momento como esse, é valorizar nossa contribuição para a cultura brasileira. Sou grata por esse momento de troca de informações”, frisou.
A Defensoria vai aonde o povo pobre está
O seminário fez parte do projeto “A Defensoria vai aonde o povo pobre está”, criado em 2016 pelo núcleo da DPU em Volta Redonda (RJ), cujo objetivo é garantir acesso à justiça integral e gratuita para a população em situação de vulnerabilidade.
Desde sua criação, o projeto já realizou mais de cinquenta ações, beneficiando 14 coletivos de catadores de materiais recicláveis, sete comunidades quilombolas, duas caiçaras, duas indígenas e duas rurais. As mesmas estão situadas em localidades do sul fluminense e da Costa Verde, com uma população de cerca de 1,3 milhão de pessoas, incluindo os municípios de Valença, Quatis, Rio Claro, Resende, Barra Mansa, Barra do Piraí, Pinheiral, Paraíba do Sul, Mangaratiba, Angra dos Reis, Paraty, Seropédica, Itaguaí e Volta Redonda.
Confira a íntegra do seminário.
CM/ACAG
Assessoria de Comunicação Social
Defensoria Pública da União