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Pesquisa revela racismo religioso contra os povos de terreiro e de matriz africana no Brasil

Brasília – Dados da pesquisa ‘Respeite o meu Terreiro’, realizada pela Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde (Renafro) e pelo terreiro Ilê Omolu Oxum, apontam que 74% das pessoas entrevistadas relataram ameaças ou destruição de casas sagradas. Os resultados foram obtidos por meio da participação de líderes religiosos de 511 terreiros. A Defensoria Pública da União (DPU) foi uma das instituições apoiadoras do levantamento.

O mapeamento, que buscou identificar a violência religiosa contra os povos de terreiros no Brasil, teve cooperação institucional do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania (MDHC). Também foram parceiros da iniciativa a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e o Instituto Raça e Igualdade.

O material reúne análises sobre impactos na saúde física e emocional; dados sobre racismo religioso offline e online; perfil de agressores e ambientes de violência; indicadores regionais; sugestões de enfrentamento apresentadas pelas próprias lideranças; e orientações para denúncia e responsabilização.

Povos de terreiros

O documento reforça que os povos de terreiros (Candomblé Angola, Jeje e Ketu, Quimbanda, Umbanda, Tambor de Mina, Jurema, Xango, entre outros) e as comunidades quilombolas são patrimônio imaterial brasileiro, que preservam saberes ancestrais como a medicina natural, agricultura tradicional, música e relações comunitárias.

“Reconhecidos como povos tradicionais por manterem modos próprios de organização social, territorialidade e transmissão de conhecimento e tecnologia, formando um sistema cultural completo que resistiu à escravidão e às tentativas de apagamento histórico”, ressalta o estudo.

A pesquisa aponta que a importância dessas comunidades vai além da esfera religiosa. “Elas são guardiãs desses saberes ancestrais, heranças e Axé, que foram transmitidos por meio da oralidade por gerações até os dias atuais. Protegê-los é fundamental para combater o racismo e preservar a diversidade cultural brasileira.”

Números da pesquisa

Divulgado em 26 de novembro, o estudo revela que 77% dos terreiros entrevistados sofreram racismo religioso. Sobre ameaças ou destruição de casas sagradas, apenas 26% conseguiram registrar boletim de ocorrência, indicando obstáculos persistentes no acesso à justiça.

A pesquisa aponta ainda um amplo conhecimento sobre racismo religioso, sendo que 97% dizem conhecer a prática. O percentual de pessoas que relataram ter sofrido atos discriminatórios chega a 80%.

O ambiente da internet também foi relatado como um espaço de cometimento de racismo religioso, tendo sido apontado por 52% dos entrevistados. Entre os ambientes digitais mais recorrentes, estão Facebook, Instagram, YouTube, TikTok e X (87%).

Os principais agressores citados foram: evangélicos (59%), servidores públicos (10%), vizinhos (8%) e usuários de redes sociais (6%).

Confira a pesquisa na íntegra.

Assessoria de Comunicação Social
Defensoria Pública da União