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DPU visita unidade socioeducativa no Espírito Santo em lançamento de caravana do MDHC

Cariacica – A Defensoria Pública da União (DPU) participou, nessa segunda-feira (21), do lançamento da Caravana dos Direitos Humanos promovida pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), iniciada no Espírito Santo. A primeira atividade do projeto que avaliará a situação da população em privação de liberdade foi a visita à Unidade de Internação Socioeducativa (Unis) de Cariacica, na região metropolitana de Vitória (ES). A Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) considera o local em situação de extrema gravidade e urgência devido a condições humanitárias, de infraestrutura e de atenção à saúde física e psicológica dos jovens.

A defensora pública federal Letícia Torrano, secretária de Atuação no Sistema Prisional (SASP) da DPU, e o defensor público-chefe da DPU em Vitória, Nícolas Bortolotti, participaram da comitiva conduzida pelo ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, e do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande.

Foto: Rafael Stadniki/DPU

Unis Cariacica

Unidade socioeducativa mais antiga das quatro que compõem o Conjunto de Cariacica, a Unis abriga atualmente 60 adolescentes (mais de 90% negros) de 12 a 18 anos que cometeram atos infracionais. As medidas provisórias aplicadas pela CIDH em relação a Unis, desde 2011, responsabilizam internacionalmente o estado em relação à superlotação, a questões estruturais e relatos de tortura. De acordo com a secretária de atuação no Sistema Prisional da DPU, a questão da superpopulação está controlada, mas a estrutura arquitetônica e as condições dos alojamentos ainda não estão adequadas ao que propõe a resolução n° 119/06 do Sistema Nacional Socioeducativo (Sinase).

“Desde 2011, vêm sendo feitas várias mudanças para que se possa chegar mais próximo do ideal. Apesar de a própria Corte reconhecer que houve várias melhorias na unidade, principalmente no que diz respeito à superlotação, que hoje não existe mais, ainda encontramos vários problemas. Um dos principais é que unidade socioeducativa não é uma prisão, então não pode ter aspecto de unidade prisional, e a Unis se assemelha bastante pelas grades e celas no mesmo formato de uma prisão”, observou a defensora pública federal Letícia Torrano. Ela lembrou das queixas de militarização da unidade, com utilização excessiva da força e do gás de gengibre.

Foto: Rafael Stadniki/DPU

Gerente da Unis Cariacica há quatro anos, a psicóloga Caroline Amado trabalha como agente socioeducativa da unidade há um total de sete anos e percebe a gradativa evolução da Unis após as medidas estabelecidas pela Corte, mas reconhece que outras mudanças ainda são necessárias. “Nossa unidade já chegou a ter 90 adolescentes, mas desde 2019 estamos conseguindo não passar da nossa capacidade de 60. Também evitamos o uso das algemas, oferecemos mais atendimentos com psicólogos, assistentes sociais e pedagogos; todos os jovens estão estudando, mas a estrutura física ainda é um desafio. Temos um projeto para construção de uma nova unidade”, contou a gestora.

A comitiva ministerial assistiu a apresentações culturais dos jovens, pôde conferir os espaços onde eles dormem e as salas onde eles cursam o Ensino Fundamental e o Médio, além de cursos profissionalizantes e oficinas.

I.J., 16 anos, contou à comitiva como passou a refletir sobre os erros dele depois que entrou no sistema socioeducativo. “As pessoas lá fora enxergam a gente como monstro e só procuram entender quando a situação acontece com algum familiar Queremos quebrar esse preconceito. O que fizemos no nosso passado ficou para trás. Queremos fazer diferente, constituir família, ter um emprego e andar arrumado feito vocês”, disse o jovem para o grupo de autoridades, agradecendo aos instrutores do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) presentes pela oportunidade de aprendizado que os adolescentes não imaginavam ter.

Foto: Rafael Stadniki/DPU

Caravana

O ministro Silvio Almeida explicou que o objetivo da Caravana dos Direitos Humanos não é inspecionar os presídios e unidades socioeducativas para apontar falhas, mas sim assumir a corresponsabilidade da União, colaborar com o sistema prisional, propor ajustes e ajudar a encontrar soluções. “A União tem o dever de auxiliar o estado na condução das políticas locais de direitos humanos, e é para isso que vim aqui. O espírito dessa caravana é apostar na mudança do Brasil, acreditando que vocês jovens podem mudar e ajudar a transformar o País. É nosso dever fornecer as condições necessárias para que vocês tenham possibilidade de mudança e consigam transformar o Brasil”.

O governador Renato Casagrande ressaltou a importância do trabalho conjunto do executivo federal com o estadual e as diversas instituições do sistema de justiça para tentar garantir a aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente. “Os jovens em conflito com a lei têm que cumprir as medidas socioeducativas, mas também precisam se ressocializar. Para isso, precisamos dessa parceria do estado com o Governo Federal, Defensoria Pública, Ministério Público, judiciário e sociedade civil”.

A DPU também integrou a comitiva ministerial na visita ao Centro de Referência das Juventudes Território do Bem; na escuta com os movimentos sociais, coletivos, organizações, entidades e familiares de pessoas em privação de liberdade e vítimas de violência institucional, além de participar de reunião com diversos atores do sistema de justiça na sede da Defensoria Pública Estadual do Espírito Santo.

Foto: Rafael Stadniki/DPU

Assessoria de Comunicação Social
Defensoria Pública da União