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DPU apoia a campanha “Sou profissional do sexo e é claro que tenho direitos”
Brasília – Durante o mês em que as ações de enfrentamento ao tráfico de pessoas são intensificadas, a Defensoria Pública da União (DPU) uniu forças com o Ministério do Trabalho, a Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Infância e da Juventude (ASBRAD) e com a Associação de Prostitutas de Minas Gerais (ASPROMIG) para apoiar o lançamento da 5ª edição da websérie Tráfico de Pessoas no Brasil.
Entre os temas centrais abordados na produção, estão as interseções do tráfico de pessoas com a tecnologia, os deslocamentos forçados por desastres naturais e os novos paradigmas na proteção dos profissionais do sexo. Um dos destaques é o terceiro capítulo, que debate os direitos, a valorização e dignidade do trabalho sexual, combatendo estereótipos e incentivando o trabalho livre e autônomo, longe da exploração que alimenta o tráfico de pessoas.
O episódio marca o lançamento da campanha “Sou profissional do sexo e é claro que tenho direitos”, apoiada pelos Grupos de Trabalho Mulheres, LGBTQIAPN+ e Assistência e Proteção a Vítimas de Tráfico de Pessoas, da DPU. Os primeiros capítulos completos já estão disponíveis no canal da ASBRAD no YouTube e mais informações sobre a iniciativa podem ser acompanhas nas redes sociais da Defensoria Pública da União.
Durante o lançamento, também foi realizado um debate com a participação de diversas instituições para tratar sobre o tema. Para conferir, acesse: Episódio 03: Profissionais do Sexo
Essa é a quinta edição da websérie que também visa promover discussões aprofundadas sobre o IV Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas que será lançado, pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, no próximo dia 30 de julho.
Cada vídeo relaciona o tráfico de pessoas com as temáticas: Aviação e Mudanças Climáticas, Tecnologia e Crianças e Adolescentes, Profissionais do Sexo e Voz das Vítimas. O mais novo episódio da produção audiovisual será lançado nesta quinta-feira (4), às 19 horas. Para acompanhar, basta acessar ASBRAD.
Trabalho sexual no Brasil: entenda seus direitos
No Brasil, o trabalho sexual não é considerado crime. A profissão inclusive consta na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) no verbete “profissional do sexo”, com o número 5198. O que é crime é o ato de tirar proveito da prostituição, o que caracteriza a exploração sexual. É importante que profissionais do sexo estejam cientes de seus direitos e das nuances legais relacionadas à profissão para garantir sua proteção e dignidade.
- Legalidade do Trabalho Sexual
– Exercício Legal: O exercício do trabalho sexual, ou seja, a prestação voluntária de serviços sexuais mediante pagamento, não é criminalizado no Brasil. Qualquer pessoa maior de 18 anos, por sua livre vontade, pode optar por essa atividade como meio de subsistência.
– Autonomia Pessoal: A lei brasileira reconhece o direito de cada indivíduo de tomar decisões sobre seu próprio corpo e seu trabalho, incluindo a escolha de ser um profissional do sexo.
- Direitos de Profissionais do Sexo
Profissionais do sexo têm direitos garantidos pela legislação brasileira:
– Direito à Dignidade: Todo trabalhador, incluindo profissionais do sexo, tem direito ao respeito e à dignidade.
– Direito à Segurança: É direito de todos os cidadãos, incluindo profissionais do sexo, trabalhar em um ambiente seguro e livre de violência e exploração.
– Direito ao Acesso à Justiça: Profissionais do sexo têm o direito de buscar assistência jurídica e reportar crimes sem medo de discriminação.
– Direitos trabalhistas e previdenciários: Trabalhadores/as do sexo têm o mesmo grau de proteção trabalhista e previdenciária devido às demais categorias profissionais, lhes sendo garantidos direitos como registro em carteira de trabalho, folga remunerada, 13o salário, férias, pagamento de horas extras etc. Também podem fazer jus a seguro-desemprego, benefícios previdenciários por incapacidade, salário-maternidade, salário-família, aposentadorias, dentre outros.
- Sinais de Alerta para Situações de Tráfico de Pessoas:
No mundo do trabalho sexual, respeito é a palavra-chave e conhecimento é poder. O desrespeito e a exploração de profissionais do sexo são realidades graves e preocupantes. A identificação de sinais de risco é importante para garantir um trabalho seguro e evitar diversas formas de violência.
Falsas promessas: Mentiras, como oportunidades de trabalho lucrativas e facilidade para obtenção de vistos internacionais.
Chantagens: Ameaças de exposição de fotos e vídeos ou de denunciar o trabalho sexual
Restrição de Movimento: Impedir o livre movimento e manter o controle sobre seus passos.
Retenção de documentos: Confiscar passaportes ou outros pertences;
Dívida: Cobrança de valores exorbitantes pela viagem e hospedagem, roupas e procedimentos estéticos.
Controle de clientela e financeiro: Imposição de programas, clientes, duração e preço.
Isolamento social: Impedimento de contato com amigos, familiares ou com a sociedade em geral
- Como Agir em Situações de Abuso ou Exploração
Se você é profissional do sexo e se encontra em uma situação de abuso, exploração ou coerção, é essencial saber que há ajuda disponível:
– Disque 100: Use este número para denunciar violações de direitos humanos, incluindo exploração sexual e tráfico de pessoas.
– Sistema Ipê: O Sistema Ipê é um sistema para coleta, concentração e tratamento das denúncias de trabalho em condições análogas às de escravo no Brasil. Acesso: https://ipe.sit.trabalho.gov.br/
– Defensoria Pública da União: Procure a Defensoria Pública para obter assistência jurídica gratuita (www.dpu.def.br)
– Consulados do Brasil: Repartições Consulares do Brasil — Ministério das Relações Exteriores (www.gov.br)
O trabalho sexual, quando realizado de forma voluntária e autônoma, não é crime no Brasil. É fundamental que profissionais do sexo conheçam seus direitos e as proteções legais disponíveis para garantir um ambiente de trabalho seguro e respeitoso. Caso enfrentem qualquer forma de abuso ou exploração, há redes de apoio e mecanismos legais que podem ser acionados para garantir sua proteção e justiça.
- Apoio aos brasileiros e brasileiras no Exterior
A Constituição Federal de 1988 garante a todos os brasileiros, independentemente de sua localização geográfica, o direito à assistência jurídica integral e gratuita, quando comprovadamente necessitados. Além disso, a Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) e a Lei nº 13.445/2017 (Lei de Migração) estabelecem direitos específicos que também se aplicam a brasileiros residentes ou em trânsito no exterior.
A Defensoria Pública da União (DPU) tem um papel fundamental na proteção dos direitos dos cidadãos brasileiros, inclusive daqueles que se encontram fora do território nacional. A seguir, apresentamos informações essenciais para pessoas no exterior que necessitam de apoio jurídico e assistência consular, baseadas na legislação brasileira.
Como a DPU Pode Ajudar?
A Defensoria Pública da União pode oferecer orientação jurídica e apoio em diversas situações que envolvam brasileiros e não brasileiros no exterior, tais como:
- Direitos no exterior: Orientação sobre como proceder em casos de necessidade de emissão de documentos, registro de nascimento, casamento ou óbito, além de apoio em emergências, como detenções ou violações de direitos humanos.
- Defesa dos Direitos Humanos: A DPU pode interceder em casos de violação dos direitos humanos de pessoas brasileiras no exterior, atuando em cooperação com o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e outros órgãos internacionais.
- Assistência Jurídica: Prestação de orientação e assistência jurídica em situações como:
Asilo político, deportação, expulsão, extradição, refúgio, repatriação de brasileiros;
Documentação – documentos emitidos no exterior, retificação de certidão com erro, 2ª via de certidão de nascimento;
Regularização e documentação de migrantes indocumentados – visto, regularização de permanência no país, carteira de trabalho;
Transferências de pessoas condenadas;
Verificação da situação de brasileiro que tenha sido preso no exterior;
Legalização de documentos junto aos Consulados brasileiros;
Casamento transnacional;
Guarda de criança que tem pais de nacionalidades distintas, brasileira e estrangeira;
Processos de alimentos internacionais – o conceito de alimentos não está restrito à alimentação, mas tudo o que seja necessário à subsistência: saúde, educação, habitação, vestuário, lazer etc;
Subtração de crianças ou adolescentes, quando há deslocamento ilegal para um país diferente do qual residem habitualmente ou se ficam retidos em território estrangeiro de maneira indevida (Convenção de Haia).
- Proteção a Vítimas de Violência: A DPU pode auxiliar na proteção de brasileiros e brasileiras que sejam vítimas de violência doméstica, tráfico de pessoas, ou outras formas de violência, garantindo que recebam o apoio necessário e que seus direitos sejam resguardados.
Apoio a Vítimas de Tráfico de Pessoas
O tráfico de pessoas é uma grave violação dos direitos humanos que atinge milhares de pessoas em todo o mundo, inclusive brasileiros no exterior.
A DPU, inclusive em conjunto com outras instituições, oferece suporte especializado para vítimas de tráfico de pessoas, garantindo assistência jurídica e consular abrangente.
- a) Identificação e retorno voluntário: A DPU trabalha em parceria com embaixadas, consulados e organizações internacionais e da sociedade civil para identificar e resgatar vítimas de tráfico de pessoas. Se você ou alguém que você conhece está em uma situação suspeita, é crucial buscar ajuda imediatamente.
- b) Assistência Jurídica e Consular: A DPU oferece orientação jurídica completa para garantir que os direitos das vítimas sejam respeitados. Isso inclui a regularização da situação migratória, apoio em processos judiciais contra os responsáveis pelo tráfico e auxílio no retorno seguro ao Brasil.
- c) Proteção e Reintegração: Além do suporte legal, a DPU colabora com serviços sociais e psicológicos para garantir apoio integral às vítimas. O acompanhamento contínuo é essencial para a recuperação física e emocional das vítimas.
- d) Prevenção e Sensibilização: A DPU também atua na prevenção do tráfico de pessoas, promovendo campanhas de conscientização e educação, tanto no Brasil quanto no exterior. Informar a comunidade sobre os riscos e sinais do tráfico de pessoas é fundamental para prevenir novas vítimas.
Procedimentos para Solicitar Apoio
A assistência jurídica em âmbito internacional é prestada a brasileiros e a não brasileiros em conformidade com a legislação nacional, além dos tratados e acordos assinados pelo Brasil.
Para solicitar a assistência da DPU devem ser seguidos os seguintes passos:
- Contato Inicial: Entrar em contato com a Defensoria Pública da União por intermédio da Coordenação de Assistência Jurídica Internacional – CAJI, telefone: (61) 3318-4364, e-mail: caji@dpu.def.br. Também através da embaixada ou do consulado brasileiro mais próximo, pois estas entidades têm a responsabilidade inicial de prestar apoio e podem encaminhar o caso à DPU, se necessário. Familiares e amigos de pessoas em situação de emergência no exterior também podem pedir ajuda à unidade da DPU mais próxima de sua residência, cujo endereço e meios de contato podem ser acessados através do site www.dpu.def.br.
- Documentação Necessária: Fornecer documento de identificação (cédula de identidade, CPF, passaporte etc), comprovante de endereço e informações para contato, documentos que comprovem a situação de hipossuficiência do requerente (comprovação de que não tem condições econômicas para custear honorários de advogado particular sem prejuízo de seu sustento e de sua família), além de documentos que demonstrem a situação para a qual se requer assistência.
- Solicitação de Apoio: Formalizar a solicitação de apoio jurídico junto à DPU, que pode ser feita através do site oficial, e-mail, ou diretamente na Embaixada ou Consulado. É importante detalhar a situação e anexar toda a documentação relevante.
- Acompanhamento do Caso: Manter contato regular com a DPU e com as autoridades consulares para acompanhar o andamento do caso e receber orientações atualizadas. Manter informações de contato atualizadas.
Rede de Apoio
A DPU trabalha em estreita colaboração com o Ministério das Relações Exteriores, embaixadas, consulados e organizações não governamentais para garantir que os direitos dos brasileiros no exterior sejam protegidos e que recebam a assistência necessária.
A DPU está comprometida em proteger os direitos dos brasileiros, onde quer que estejam. Se você ou alguém que você conhece está no exterior e precisa de assistência jurídica ou consular, especialmente em casos de tráfico de pessoas, não hesite em buscar ajuda.
A DPU está aqui para garantir que seus direitos sejam respeitados e protegidos, independentemente da distância.
Assessoria de Comunicação Social
Defensoria Pública da União