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COP30: desafios e experiências na cobertura de grandes emergências ambientais são debatidos no painel sobre Comunicação e Justiça Climática

Foto: Yuri Curtulo / ASCOM DPU
Belém – Como contar as histórias que surgem em meio a grandes desastres climáticos? E qual é o papel da Comunicação para garantir que o direito à informação e à justiça chegue a todos? Essas foram algumas das perguntas que guiaram o painel ‘Comunicação e Justiça Climática: Desafios e experiências na cobertura de grandes emergências climáticas’, realizado nesta quinta-feira (13), pela Defensoria Pública da União (DPU) durante a COP30.
O encontro reuniu comunicadores e representantes de instituições públicas para discutir como a imprensa e as Assessorias de Comunicação do sistema de Justiça podem atuar na democratização dos direitos humanos ao divulgar informações de interesse coletivo.
A chefe de Comunicação da DPU, Isabel Carvalho, abriu e mediou o painel. Ela compartilhou sua experiência na instituição e em outros órgãos públicos para ilustrar a importância de “ecoar a voz a quem precisa ser ouvido”.
O secretário de Comunicação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Francisco Souza, falou sobre a comunicação do tribunal na agenda ambiental. “A gente encontra na comunicação pública uma nova forma de dar visibilidade às experiências das instituições em desastres climáticos”, refletiu. De acordo com Souza, a linguagem simples é uma grande aliada nesse processo.
A coordenadora de Comunicação Audiovisual da DPU, Maria Rita Aderaldo, apresentou a estratégia de divulgação das ações da DPU durante coberturas de emergências climáticas, como o trabalho desenvolvido no projeto Caravana de Direitos do Rio Grande do Sul, que percorreu diversos municípios auxiliando cidadãos no acesso ao auxílio emergencial.
Ao comentar a cobertura do atendimento da DPU em Brumadinho (MG), após o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, Maria Rita destacou que as redes da DPU também foram uma ferramenta para dar protagonismo às pessoas atingidas pela tragédia. “Como comunicadores e agentes públicos, nosso compromisso é garantir que a justiça climática discutida em fóruns globais seja de fato sentida na porta de cada casa que resiste”, concluiu.
O defensor público federal Renato Vinhas, que coordenou a Caravana de Direitos da DPU e atuou na ponte entre a instituição e a imprensa, também participou do debate, explicando como foi o trabalho de articulação em campo.
O repórter do jornal O Globo, Lucas Altino, compartilhou sua trajetória na cobertura de grandes desastres e falou sobre as diferenças entre as crises climáticas. “O Rio Grande do Sul foi uma tragédia muito escancarada: teve muita vítima, muita devastação, muitas informações. Inclusive, a Defensoria foi uma grande parceira porque nos ajudou nesse contexto”, contou.
“Já a cobertura da seca é diferente de ser feita porque ela é uma tragédia que não acontece imediatamente. Vai acontecendo, demora. A gente focou muito nas comunidades que ficaram isoladas e tentamos dar voz a essas pessoas, porque no Rio Grande do Sul está todo mundo olhando, na Amazônia não necessariamente. Mas precisamos escrever sobre comunidades que não estão tendo mais água, que estão passando muitas necessidades também”, afirmou.
A jornalista Catarina Barbosa, diretora da Abraji e moradora de Belém, destacou a importância de escrever a partir da perspectiva amazônica. “Para mim, a Amazônia é minha casa. Quando escrevo sobre a Amazônia, escrevo sobre meus pares”, disse.
Ela também relatou sua experiência na reportagem investigativa, em especial na matéria ‘Como o crédito rural se tornou uma máquina milionária de destruição dos Kanela’, sobre o avanço do agronegócio no Maranhão. O texto foi publicado na Sumaúma. “A gente tem uma escolha, e o trabalho da DPU, do STJ e do próprio jornalismo é ecoar a voz das pessoas”, disse.
“A gente vive um momento de ataque às instituições e, como jornalista, acredito que se as pessoas entenderem o que os órgãos fazem, isso faz diferença. A gente precisa dar um passo para trás e conversar olho no olho sobre as coisas. Porque hoje, com o acesso à informação, as pessoas têm pílulas de informação e se perdem no conhecimento. E o que a gente precisa levar em conta é: a informação precisa chegar a todos os lugares”, concluiu.
Assista ao painel completo no Youtube da DPU.
Assessoria de Comunicação Social
Defensoria Pública da União