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Protagonismo de mulheres indígenas marca último dia de itinerante da Defensoria entre os Mebêngokre

Altamira — Na manhã do último dia de itinerante, sexta-feira (18), a defensora pública federal Marina Mignot se reuniu com as lideranças indígenas Ngreikanhe Kayapó; Ngreie Kayapó; Kokodjaiti Kayapó, todas mulheres da aldeia Pykatoti. Elas fazem parte do Departamento de Mulheres Rikaro, do Instituto Kabu, organização indígena que representa as terras indígenas que o itinerante está atendendo. A tradução foi realizada pelo presidente da organização, Doto Taka-Ire.

Pela primeira vez na Terra Indígena (TI) Menkragnoti, a iniciativa contou com escuta qualificada das mulheres Mebêngokre (Kayapó). “A demanda das mulheres não necessariamente é a mesma demanda dos homens. Nosso objetivo é entender como funciona a divisão de trabalhos; como é a gestão do dinheiro; quais as necessidades e dificuldades delas — que não são as mesmas dos homens”, disse Mignot.

As lideranças demonstraram preocupação com a compra excessiva de produtos dos “Kubē”, os não-indígenas, segundo a língua Kayapó. Esses alimentos acabam sendo produzidos com agrotóxicos e impactam a saúde da população indígena. “A única coisa que precisamos comprar é o óleo e o sal. O resto pode ser produzido na aldeia”, disse a liderança Ngreikanhe, ao falar da necessidade de contribuir com a produção de alimentos da base nutricional Kayapó dentro da aldeia.

“Antes nossos maridos ajudavam a fazer roça, mas quando eles saem, nós, próprias mulheres, fazemos reunião para ajudar uma à outra”, continuou Ngreikanhe, ao apontar a relação das mulheres com os roçados de feijão, mandioca e batata e o trabalho de alimentar a população da aldeia.

Além da agricultura, os Kayapó plantam algodão para produzir a lã e tecer adornos para os braços, tornozelos e outras regiões do corpo, junto com as miçangas — que foram introduzidas ao povo após o contato. O algodão é fundamental para a identidade Mebêngokre e as mulheres têm um papel central.

Retorno à comunidade

Durante a reunião, as mulheres demonstraram preocupação com a continuidade do diálogo. Segundo elas, existem movimentações de não-indígenas para apoiar, porém não avançam e nem retornam ao povo. “Às vezes, fazem o compromisso e não continuam”, frisou Ngreikanhe. Elas destacaram a atuação do Departamento de Mulheres Rikaro como um espaço para ampliar e seguir com a discussão de gênero dentro da aldeia.

“Estamos criando o Departamento, junto com homens e mulheres, para que possamos falar em defesa dos nossos rios e florestas, porque queremos que estejam preservados, para nossos filhos e nossos netos”, disse Kokoro Menkranotire, liderança feminina da aldeia Kobekàkre.

Para acompanhar as demandas destacadas pelas lideranças, como agricultura e atuação feminina, a Defensoria planeja uma conversa ampliada, envolvendo outros parceiros, com as mulheres Kayapó ainda este ano.

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Assessoria de Comunicação Social
Defensoria Pública da União